quinta-feira, 14 de julho de 2011

Amor não é pra mim

É naquela suas divagações de manhã cedo, com aquela ressaca de cerveja e uísque, tomando um café bem doce sob o sol que você resolve todos os questionamentos da sua vida. O meu último era sobre por quê o amor ainda não tinha chegado pra mim. Tive uns namoros aqui, ali, nada que valha a pena chamar de "produtivo", ou "memorável", tampouco deixaram saudades, no máximo uma pontinha de raiva e muita frustração pelo tempo perdido. Mas amor? Esse danado parece um duende: vem, bagunça minha vida, me deixa de cabeça pra baixo (e, por vezes, sozinha) e eu ainda duvido que ele exista. Por razões muito bobas, e até muito simples, que até uma criança de 5 anos entenderia. Vamos aos fatos.
Júlia conheceu Paulo no curso de francês. Júlia: a menina brilhante e tagarela que estava de intercâmbio de 6 meses na Europa marcado e que nunca deu a mínima pra relacionamentos. Paulo: o cara amargo, desacreditado nas mulheres e até um pouco machista que pagava pra ver quem amoleceria seu coração. Os dois começaram a ficar e quando pensaram que não trocaram alianças... com ela na casa do caralho. Estão juntos até hoje.
Rafael conheceu Joana no pagode. Ela: a menina recém solteira, cheia de planos de estudar e trabalhar. Ele: o vagabundo com um emprego meia-boca que sustentava o cigarro e a cerveja. Namoraram, Joana engravidou e mesmo sendo uma barra muito pesada vivem juntos e muito bem criando o Gabriel, de 6 meses.
Alice conheceu Luís num sei quando nem sei onde. Ele: de gêmeos. Ela: de escorpião. Todo mundo que tem conhecimentos ralés em astrologia sabe que esse é um par improvável. Ainda tem o agravante de Alice ter se mudado a pouco de São Paulo pro Rio Grande do Sul, mas estão namorando.
Eve conheceu Eduardo num congresso em Fortaleza, num desses encontros que você vai pra aloprar, beber, se drogar e arrumar alguém legal pra dividir uma barraca de camping. Ela: fofa, linda, sorridente, mas estava bem solteira. Ele: não conheço. Se reencontraram em Sergipe, mantiveram contato pela internet, o negoço cresceu, Eve foi pro Piauí (onde Eduardo mora) e voltou namorando. À distância, mas namorando.

Agora vamos ao meu caso.
Eu: vocês já devem tá carecas de saber.
Conheci meu primeiro namorado na faculdade. Ele: um cara legal que todo mundo adorava ter como amigo, inclusive eu. Namoramos um ano e meio até que uma amiga minha viu ele com outra. Ele jurou que não era, mas verdade ou mentira não tou a fim de voltar atrás na minha decisão.
Meu segundo namorado conheci na internet enquanto procurava alguém pra gravar os epi's de Dr. House num DVD. No fim das contas House foi pra puta que pariu e a gente começou a namorar. Tudo lindo e romântico como deve ser até ele começar a me sufocar e eu parar com o cigarro, o álcool e meus vícios. Não dá pra competir, né? Tive que mandá-lo pastar.
Meu terceiro namorado eu nem devia ter conhecido. Mas já que conheci e me apaixonei, resolvi dar uma chance. Daí que ele foi um canalha e eu ainda levei um pé na bunda.

Você pode até achar, caro leitor, que esses são mais personagens daqueles bem mirabolantes que eu invento pra escrever meus contos. E tou usando uma mentira pra justificar um sentimento amargo.Mas se todos eles vieram a tona e se eu acredito tão piamente que o amor não é pra mim por causa deles é por um único motivo:

Todos eles existem.

Ps: se usei indevidamente a imagem de alguém, se alguém se sentiu exposto ou ofendido, por favor, avise que tomarei providências.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Partes de Boneca


Minha TPM tem vontades próprias.
Ela me acorda de mau humor, me chuta pra fora da cama e me joga debaixo do chuveiro frio de maneira brusca. Grita o tempo todo dizendo que quer paz, que tá cansada de mim e da minha cara feia e que vai matar mil porquê ela é cabra homem. Minha TPM não tem noção de limites e quer tomar cerveja antes do café da manhã fumando um cigarro. Ela quer desfilar de calcinha e camiseta pela casa mas não quer que ninguém a veja porquê ela tá se sentindo gorda, cheia de celulite e pelancas. Minha TPM me pede pra tocar Björk. Eu toco. Duas ou três frases reflexivas depois ela quer voltar a ouvir as músicas mais depressivas do Hole e eu não posso fazer nada; vai você discutir com a minha TPM. Minha TPM quer um namorado, muito dinheiro e uns quilos a menos pra superar pelo menos metade das frustrações que ela sofreu nos últimos seis meses, mas é só lembrar dos relacionamentos anteriores pra tudo que ela quer se resume em quatro paredes, um prato de brigadeiro e um filme bem triste pra chorar o que tiver de chorar. Minha TPM não sabe se distrair lendo, tocando violão ou tomando café: ela quer se destruir, se olhar no espelho e se xingar, bater na própria cara e ver o rímel virar sombra, e a cara de bunda virar cara de panda.
Minha TPM é tão louca que esse mês ela resolveu se jogar na balada pra voltar de alma limpa e adivinhem! Chegou em casa, tomou banho e se jogou na cama pra... chorar!
Minha TPM é pior que filha adolescente que levou um fora do primeiro grande amor eterno de sua vida, ela chora no teu colo dizendo que te ama e depois te enxota do quarto como se você fosse um psiquiatra com uma camisa de força.
Minha TPM quer matar todo ser que respire, principalmente do sexo oposto, "esses insensíveis que olham pra mim e só vêem uma vagina que anda e podia não falar", como ela mesma diz. Minha TPM reclama que é burra demais pra ter dinheiro. Chata demais pra despertar interesse em alguém. Preguiçosa demais pra ser bonita. Amarga demais pra ter amor. Tudo nela coexiste em proporções catastróficas que nem ela mesma consegue entender como tanta coisa negativa cabe num corpo tão pequeno.
Mas a melhor parte é quando ela volta bêbada e cambaleante da faculdade, ou da casa de um amigo, ou até mesmo daquela volta que ela foi dar pra se distrair, com aquela cara de quem fez merda e vai acordar de ressaca moral. Se joga no chuveiro de cabeça já pensando na juba leonina que o cabelo vai tá quando ela acordar. Senta na internet e começa a denegrir a própria vida em público (ela adora um escândalo, já mandei ela parar com isso). Ela também sai recusando todos os convites de evento no Facebook, já que ela não tem dinheiro, nem roupa nem personalidade pra aparecer em nenhum deles.
Minha TPM também detesta demonstrações públicas de afeto alheia. Ela não chega a invejá-las nem desejar que elas não aconteçam: elas só não podem acontecer perto dela. Nem debaixo das fuças dela. Nem a menos de 600 km de distância dela, ela quer distância de tudo que lembre sorrisos de amor passional.
Minha TPM só se sente útil quando vai embora. Ai ela me deixa em frangalhos, cheia de pedidos de desculpa pra distribuir pra todos que eu quis estrangular, esfaquear, estrangular, envenenar e empalar. Os mesmos pedidos pra quem eu gritei, praguejei, esnobei, dei foras, cortadas, falei coisas estúpidas e sem sentido.
Menos meus ex namorados, todos eles merecem uma Maria Helena de TPM.
Não, melhor: todos eles merecem ter um útero uma vez por mês.
Mas voltando a minha TPM, nesse momento ela tá ouvindo Doll Parts na frente do PC agarrada com um prato de brigadeiro gelado, chorando os quilos que ela vai ganhar, praguejando contra o cabelo que tá feio que dá dó e escrevendo isso que você tá lendo.

And someday you will ache like I ache...

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Vinte e um


Escrever acompanhada de uma caneca de café (dispensei o cigarro porquê tou gripada): foi assim que eu escolhi comemorar a última hora desse fatídico 25 de abril, regado à chocolate, visita de amiga que mal tem tempo pra cagar e comer (te amo, Lua), muita febre e retrospectiva da última viagem.
Estou ficando mais velha, porém continuo a mesma irresponsável, vagabunda e apaixonada de sempre. Acho engraçado quando as mães das minhas amigas olham pra mim e dizem "agora sim, alguém de maior na galera" como se isso fosse acabar com minhas bebedeiras. É uma idade complicada, todos esperam mais responsabilidade e maturidade, coisas que eu nunca tive. Fazer vinte e um não me faz mais madura, mais independente ou mais esperta.
Eu continuo amando ver desenho animado, mesmo adorando ler Nietzsche, Kundera e Machado.
Eu continuo amando ovos de chocolate branco com crocante embrulhado num papel rosa, aliás, esse foi o meu melhor presente de hoje.
Eu continuo ouvindo Alanis Morissette como se tivesse 16.
Eu adoro sentar e falar de esmalte, cabelo e maquiagem como se tivesse 15.
Eu ainda estou aprendendo a lidar com a dor e com a delícia do sexo casual.
Eu continuo com medo de dirigir.
Eu continuo com medo de filme de fantasma, exorcismo e sanguinolência.
Eu continuo amolecendo quando recebo carinho.
Ainda brinco no quintal com os cachorros, com meu primo de 3 anos pulando num colchão inflável ou com meu irmão no video game.
Fazer 21 me trouxe a tona uma essência que nem eu sabia que ainda tinha: as mesmas frustrações e medos de quando eu tinha idade suficiente pra ler Harry Potter e considerá-lo uma grande obra. O mesmo receio e curiosidade do desconhecido. A mesma vontade de ser duas pra atirar uma no mundo enquanto a outra continua segura e salva assistindo tudo. A mesma vontade de ter um grande amor. O mesmo medo de ser só um corpo que anda e fala (e normalmente não pensa).
Inseguranças, ciúmes. Só que com uma pitada tímida de maturidade.
A propriedade de poder me olhar no espelho e dizer "eu sou A-D-U-L-T-A" e me cobrar atitudes diferentes de um xilique, mesmo sabendo que tudo isso vai demorar porquê taurinos são seres ruminantes. Me dar ao luxo de deitar no sofá com um prato de brigadeiro vendo um filme bem triste, ou bem feminista. Usar decote, uma calça apertada, ou uma lingerie mais sexy nos dias que tou me sentindo gostosa. Ou uma calça bem folgada com uma camiseta do Capitão Gancho quando eu acordar me sentindo um patinho feio. Balançar meus cabelos ao vento quando tiver adorando eles. Ou escondê-los em baixo de uma touca de tricô quando os encontrar um lixo no espelho. Marcar bem os olhos e esconder as olheiras com maquiagem.
Me sentir mulher, sabe? Experiente, desejada ao mesmo tempo que frágil e insegura.
É tudo questão de tempo. E esse tempo acabou de chegar.

sábado, 16 de abril de 2011

Infelicidades, exceto por uma noite

Você pediu e assim se fez

A felicidade não passou perto

Não se sentiu nem o cheiro

O cheiro do encontro com o outro

Nem o da grama no jardim

Nem mesmo o do orvalho sobre a folha


Você falou que não queria ouvir palavra alguma

Foi o que se fez e nada se ouviu

Nem o som da música no bar

Nem o blues tocado pelo cego da esquina

Nem o do fogo acendendo um cigarro

Nem o da voz chamando com carinho


Você estava cheia das pessoas e queria estar sozinha

Era uma lady com voz de menina querendo seu cantinho

Era uma mulher que queria curtir o lençol da cama

Ouvir o som da fumaça saindo pela boca

Ver aquele filme que não via há tempos, nem que seja sentada na janela

Nem mesmo a sombra poderia fazer companhia, luzes apagadas então


Você pediu e assim se fez

Você queria me ver um pouco longe

Tentei não ser mais um chato por perto

Espero que o cigarro signifique um pouco de saudade

Saudade do som, daquela música a tocar e o cego no blues

Um último cheiro no pescoço que é para não deixar passar


A felicidade passou longe todo o ano

Mas, naquela noite ela foi só sua

Fui apenas sua a felicidade

E apenas sou por uma noite

Um pouco de felicidade, cheiro e companhia.


Yan Soares. Para sua mãe, Maria Helena Sobral.

Mulheres que não tem medo


De rir, falar alto e gesticular desenfreadamente.
De se apaixonar por algo, ou por alguém.
De ter vícios.
De falar de sexo.
De fazer tudo que gosta no sexo.
De dizer não.
De dizer sim.
De assumir opção sexual, musical.
De aderir ou superar um estereótipo.
De mandar tomar no cu.
De comer o melhor amigo.
De beber, de fumar.
De perder o namorado.
De arranjar um namorado.
De fazer tatuagem.
De ser mãe.
De ficar só com um monte de gatos.
De morar só.
De inventar moda, de usar roupa curta.
De dançar.
De comer.
De escrever, compor e tocar.
De xingar, de bater, de apanhar.
De afastar o que e quem lhe faz mal.
De sofrer, de chorar.
De dormir e de acordar.
Vocês tem em mim uma fã.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Declaração.

Ele é quente. Em algumas versões ele costuma ser frio, e é bom assim também. Mas eu o prefiro quente. E doce. Consistente. Forte, firme, mas de pegada leve, que me desça guela abaixo com a suavidade de quem escorrega.
Ele é preto. Sim, preto! Não era só a princesa Isabel que se amarrava num negão. E é um preto lindo, cheio de charme, com um cheiro inconfundível que me arrepia os pêlos ao senti-lo.
Ele é agradável a qualquer hora do dia, da noite. Não reclama das minhas oscilações de humor e é meu melhor amigo na TPM, nos dias de chuva, nos dias de solidão e, principalmente, depois das refeições.
Eu morro de ciúme dele, mas não tenho problemas em dividi-lo com minhas amigas. Afinal, todas admiram tanto quanto eu tudo que ele tem de melhor.
Eu não vivo sem ele. Estamos num casamento estável de não sei quanto tempo. Ele perdoa meus flertes com outros homens, com cigarro, com álcool, com chocolate, e sempre me recebe de braços quentes abertos quando eu volto das minhas escapadas.
E apesar de correr o risco de morrer com uma úlcera ou com os dentes amarelados por causa dele... café, eu te amo.

14 de abril. Hoje é dia dele ♥.

domingo, 10 de abril de 2011


Dê amor
Dê paixão
Dê espera
Dê esperma
Dê prazer
Dê fogo
Dê uma nela
De carinho
De sacanagem
De sarro
De fato
Dê amor
Dê segurança

De anca na anca dela
(cadela)
E amanheça de cabeça dentro dela.

Cérebro Eletrônico.


Assim foi meu último embalo de sábado a noite.